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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ensaios sobre um sábado à noite

Alfredo tem 20 anos. Mora em Porto Alegre sozinho, em um apartamento minúsculo. Pra ele é mais um sábado a noite em casa, sem sair, sem festa e sem balada. Toma água vendo televisão, acende seu cigarro e repensa sua história de vida. 
Cursa Publicidade, frustrado. Queria trabalhar na criação, acabou caindo no atendimento. Filho único, sempre foi mimado. O mais perto de um ser humano que não fossem seus pais, foi sua namorada. Já faz tempo que acabaram e até hoje Alfredo parece anestesiado por isso. Sonha com ela às vezes e pensa em ligar, mas toda vez que cria coragem se lembra de que ela tem um namorado, fazendo seu mundo desabar e sua coragem esvair. Ainda sente falta do carinho dela. Consegue umas transas aqui, outras acola, mas nada demais, nenhuma ligação emocional com ninguém. 
Ele não se importa. Já se acostumou com a rotina. Porto Alegre pra ele é um lugar cheio de almas vazias. Nada o atrai. Apenas quer acabar a faculdade e arranjar um trabalho bom, que pague bem. Sem sonho é sair daquele cubículo, tão pequeno quantos os seus vínculos emocionais. A vizinha do andar de baixo as vezes mexe com ele: 'E as garotas, meu filho?'. Mal sabe ela que a vida amorosa de Alfredo não existe mais, nem mesmo ele. Mais parece um fantasma vagando pelo quarto apertado do que um ser humano. As janelas fechadas não permitem a claridade entrar, mas durante a noite ele observa a cidade pela sacada pequena. Acende mais um cigarro e se distrai com as luzes da cidade que nunca dorme. É apenas mais um sábado e para Alfredo o dia não reserva nada, ao contrário da música de Lulu Santos. 

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